Pelo menos 1.049 usuários de droga vivem em mocós na cidade, segundo mapeamento feito pela Secretaria de Saúde do município. De acordo com a Secretaria de Justiça do Estado, os detalhes da implantação do serviço ainda estão sendo discutidos. O governo estuda, por exemplo, se a internação vai valer somente para adultos ou também para menores de idade.
O juiz da Infância e Juventude de Rio Preto, Osni Assis Pereira, afirma que ainda não foi informado sobre a medida e diz que a cidade não tem estrutura para abrigar o programa. “Sou a favor do projeto. Um viciado precisa de ajuda para se tratar. Mas falta vontade política do Estado e do município para resolver o problema”, afirmou o juiz.
O promotor da Infância e Juventude do município, Cláudio Santos de Moraes, também diz que não foi informado sobre o programa. “Acredito que a medida pode amenizar a situação, já que a cidade é órfã de tratamento para dependentes químicos. O que existe é um local que funciona de fachada em Engenheiro Schmitt”.
A OAB também desconhece o projeto, mas afirma ser favorável à implantação. “É função do Estado dar boas condições para as pessoas. Sou favorável à internação involuntária, desde que sejam fornecidas condições para o viciado se recuperar. O acompanhamento deve continuar quando o paciente receber alta”, disse Suzana Quintana, presidente da OAB de Rio Preto.
Em nota, a Prefeitura de Rio Preto informou que até o momento não recebeu qualquer orientação do governo estadual em relação ao programa de internações involuntárias para dependentes químicos. A Prefeitura informou ainda que a cidade oferece três tipos de tratamentos para viciados. Um deles é o de desintoxicação, realizada por meio de internação em hospitais credenciados, ou pela emergência psiquiátrica da UPA Central. O outro é de internação feito pelo Centro Integrado de Assistência Psicossocial (Ciaps). E o último é o tratamento ambulatorial no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps).
Ainda segundo a Prefeitura, o projeto para instalar um hospital para tratamento de viciados está pronto, mas ainda faltam algumas adequações. A princípio, o prédio seria construído ao lado do Hospital Bezerra de Menezes, mas o local agora será na zona norte. A internação forçada só pode ser feita a pedido da família do dependente químico. Só um parente pode pedir o fim do tratamento. A medida é prevista em lei desde 2001.
‘Uma luz no fim do túnel’
“A internação involuntária é uma nova esperança. Uma luz no fim do túnel”. Assim definiu a cabeleireira Tereza, de 59 anos. O filho dela P.E., 23 anos, é usuário de crack e cocaína há 11 anos. Em 2007, ele chegou a ser internado para fazer tratamento em uma clínica particular em Votuporanga, onde ficou por dois meses. Mas três meses depois, P. teve uma recaída e voltou a usar crack.
“Ele conseguiu ficar semnenhuma droga, mas não teve força de vontade o suficiente para superar o vício”, disse Tereza. Na tarde de anteontem, P. voltou para a cadeia pela quarta vez sob mandando de prisão preventiva por roubo.
Tereza afirma que tentou buscar ajuda para o filho em entidades sociais de Rio Preto, mas o esforço foi em vão. “Eu quero que ele seja internado e saia dessa vida”, diz. A cabeleireira explica que o filho começou a consumir entorpecentes por influência dos amigos. Aos 15 anos, ele passou a realizar furtos para sustentar o vício.
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