Michele voa para a morte

O que era para ser mais um domingo fazendo o que mais gostava transformou-se em uma tragédia para a vendedora Michele Lázaro. A rio-pretense de apenas 28 anos morreu domingo em um acidente aéreo, em Ibirá, com o piloto José Eduardo Bussiolli. Os dois faziam um voo panorâmico em Ibirá, quando por causas ainda não esclarecidas a aeronave, um monomotor modelo KR-2, prefixo PU-BOK, com capacidade para dois ocupantes, caiu no meio de um canavial, a dois quilômetros do aeroclube da cidade, e explodiu. O acidente foi registrado às 17h30. Os dois morreram na hora e os corpos ficaram carbonizados.

De acordo com Tatiana Sizenando, 35 anos, amiga de Michele, voar era um hobby que ela repetia sempre nos finais de semana. “Ela amava voar, aprendeu a gostar com o pai e sempre dizia da paixão que tinha por estar numa aeronave”, contou. A amiga afirmou ainda que a família inteira tinha voado no domingo, e o voo da Michele era o último. “Eles estavam todos no aeroclube esperando a volta da aeronave quando um fazendeiro contou que um avião tinha caído no canavial. Quando foram ver era a aeronave onde ela estava”.

Para Tatiana, Michele era como uma irmã. “Eu não posso acreditar que isso aconteceu com ela, uma mulher cheia de vida, uma grande companheira”. Michele foi enterrada as 17 horas de ontem no cemitério da Ressureição, na Vila Ercília. No perfil de Michele no Facebook centenas de amigos manifestaram o carinho que sentiam pela jovem que usava a frase “Don’t worry be happy!!!” (Não se preocupe, seja feliz!) na descrição de seu perfil na rede social.

Juliano Falcão, 27 anos, amigo da família que chegou ao local da queda minutos depois do acidente disse que a aeronave explodiu quando chegou no chão. “Não há indícios de que pegou fogo ainda no ar. Pelo jeito ele teve algum problema na asa ou na cauda e o avião começou a rodopiar no céu. Senão o piloto pelo menos tentaria pousar, já que é uma pessoa bastante experiente”, afirma. Já o corpo de José Eduardo foi sepultado às 16 horas de ontem no cemitério municipal de Araras, onde reside sua família. Ninguém da família do piloto foi encontrado para comentar o acidente. 


Investigação

Como a aeronave é do tipo experimental o caso será investigado apenas pela Polícia Civil da cidade. De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) esse tipo de avião, normalmente adquirido em peças e montado depois a pedido do comprador, não é homologado para voos comerciais, apenas para voos panorâmicos e experimentais.

O delegado de Ibirá, Luciano Briolli Sanches Peres, disse que irá investigar o que causou o acidente. “Precisamos saber por que essa aeronave caiu, como caiu, se houve negligência de alguém, se estava em condições de voo ou se houve falha mecânica. Tudo isso será respondido no decorrer do inquérito que tem 30 dias para ser concluído”, explica o delegado.

O local do acidente foi preservado e a polícia técnica esteve no local ontem. Os corpos dos passageiros foram encaminhados para o Instituto Médico Legal onde passaram por exame necroscópico e foram liberados para as famílias. “Pelas evidências que vimos no local do acidente podemos perceber que o avião caiu de bico. A extensão da aérea atingida é muito pequena e ao redor dos destroços a cana não está danificada, ou seja, não houve tentativa de pouso”, conta o delegado.